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Foto do escritorDavid Mesquita

O que o cortisol tem a ver com a minha dor?

Entenda mais sobre esse hormônio que está diretamente relacionado aos níveis de estresse e aos processos inflamatórios do corpo.



O cortisol, também chamado de "hormônio do estresse", é um esteróide produzido pelo próprio corpo, especificamente pelas glândulas supra-renais. Dentre as suas funções, está a de manter a pressão sanguínea e diminuir a queima calórica, visando poupar ou liberar energia nas situações de perigo.


Ao longo do dia, os níveis de cortisol no organismo se alteram em horários mais ou menos previsíveis. À noite, ele alcança o seu nível mais baixo, acumulando-se novamente durante todo o período do sono, até o horário da manhã, quando atinge seu maior pico de produção.


Quando estamos sob constante estresse, os receptores cerebrais emitem sinal de perigo para que o organismo libere cortisol na corrente sanguínea, permitindo que os níveis do hormônio se elevem acima do normal. Em casos de estresse crônico ou de transtorno de ansiedade, por exemplo, o organismo pode sofrer as consequências da hiperestimulação da produção de cortisol, levando a quadros de diabetes, hipertensão arterial ou mesmo depressão. O acúmulo de gordura abdominal também pode estar presente em pessoas com elevados níveis do hormônio, uma vez que sua função é estocar a energia proveniente do glicogênio (uma forma de açúcar) para posterior liberação nas situações de perigo. Em casos mais graves, esse excesso do hormônio pode causar a Síndrome de Cushing, que leva à atrofia muscular.


O cortisol também é parcialmente responsável pela resposta inflamatória do organismo, e não é por acaso que as dores ou os inchaços tendem a piorar ao nos levantarmos pela manhã, quando a sua concentração é mais elevada. Em artigo publicado pela revista Translational Psychiatry, pesquisadores constataram que os processos de inflamação relacionados aos níveis elevados de cortisol podem estar associados com cerca de 30% dos casos de depressão. A inflamação, mesmo mínima, pode alterar o estado mental de algumas pessoas mais suscetíveis, porque provocam, dentre outras alterações, modificações na produção de neurotransmissores, como a serotonina, importantes para o bem-estar cerebral e para a diminuição das dores, inclusive crônicas.


Os níveis de cortisol podem ser avaliados por meio de exames laboratoriais, que incluem análise de amostras da saliva, da urina ou do sangue. Para um resultado mais fidedigno, os médicos orientam que as amostras sejam coletadas pela manhã, preferencialmente no período entre às 7h e às 10h, quando os níveis de concentração do cortisol costumam atingir seu maior pico durante todo o dia.


Hábitos saudáveis e cuidados com a alimentação podem contribuir para o equilíbrio dos níveis do hormônio, em especial quando seu excesso está relacionado ao estresse. A atividade física, praticada sem excessos, auxilia na liberação de catecolaminas (dopamina, adrenalina e norepinefrina) e de hormônios como a serotonina, que conferem sensação de bem-estar, reduzem o estresse e, de quebra, ainda contribuem para a diminuição das dores no corpo, sobretudo crônicas.


De outro lado, exercícios mais vigorosos, quando praticados em excesso, podem contribuir para a instalação de quadros de "overtraining", que aumentam os níveis de cortisol, comprometendo o ganho de massa muscular e gerando mais estresse ao organismo.


O equilíbrio, nessas horas, é essencial para uma boa resposta do organismo no que se refere ao nível de cortisol produzido. Alimentação saudável, atividade física adaptada para cada necessidade física ou psíquica do indivíduo e o comprometimento com a rotina de visitas ao médico para avaliação dos níveis de cortisol, são essenciais para a garantia de resultados quanto a eventuais objetivos de perda ou manutenção do peso, inclusive das taxas de gordura ou massa corporal, além (é claro!) de promover expressiva melhora na qualidade de vida.




 

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